quinta-feira, janeiro 31, 2013

hoje o dia está sorrindo, e eu não estou contigo. consigo até olhar a lua sem lembrar dos seus olhos me chamando. vou te contar uma coisa: eu não acredito mais em você. eu cheguei até um fundo de poço que, de tão fundo, nem conseguia mais se sentir poço ou parte do mundo. e você estava em qualquer outro lugar, jogando todas as malditas palavras que um dia me disse no ar, num rio ou na estrada. não se atreveria a fazer isso com o mar, porque ele é meu território, não seu.
sempre olhei o o mar como quem olha para casa. acho que já te disse que me sentia perdida, não é? tenho medo do mar, das ondas, do meu lar. porque voltar para a poeira do quarto, sentir a porta abrindo e um grande piano te esperando para ser tocado é assustador.
desenhei várias flores no corpo para que me respirassem. algo em mim nasceu de novo: uma pétala, a cor dos olhos, o toque no mundo. acho que consigo nos perdoar por toda essa bagunça. perdoo mais a você que a mim, porque ainda preciso um pouco dessa saudade, dessa solidão.
 

segunda-feira, janeiro 21, 2013


tenho medo de escrever porque sei que as palavras vão rasgar tudo que há dentro de mim, vão entrar sem pedir licença, vão passar uma faca por cima dos meus ferimentos. mas preciso colocar isso pra fora, essa dor mesclada de vazio e de saudade, uma dor que consegue ter mais vontades do que jamais tive em toda minha vida, e parece que é tudo que tenho agora, uma irmã que permanece em silêncio e mantém segredos ao meu lado.
penso no seu corpo deitado ao lado do meu em várias manhãs amenas, sentia uma coisa engraçada de ter você ali comigo. cheirava seu pescoço e sentia uma paz, pegava nos seus braços e me sentia quase que salva do mundo. os olhos amendoados me encarando eram a coisa mais maravilhosa que já vi. eram interrogações sobre mim, sobre a vida, sobre se o céu estaria bonito para irmos à praia.
as mãos dadas, os anéis de coco encostando no ar úmido, os seus passos mais apressados do que os meus com uma pressa de viver que eu havia deixado para trás, guardada em algum baú ou pintada em algum quadro. nossas mãos balançando, um eu te amo, amor, que bom que você está comigo faziam meu coração acelerar e um sorriso brotar nos meus lábios.
agora tudo que resta é a saudade. uma vontade de estar junto e não poder. querer ter você ao meu lado nas noites chuvosas e só poder olhar os pingos de chuva e pensar que talvez, naquele exato momento, você esteja também olhando da sacada da sua casa. é pensar em como eu queria que você estivesse aqui, bebendo comigo, olhando as estrelas, vendo um filme, me chamando pra te dar um beijo longo.
acabou. não o meu amor, porque é pulsante e a saudade fica me incomodando, me fazendo chorar muito, mas tudo que iríamos ser. e o fim é doloroso, me sinto afogada, sem asas, destruída.
espero que isso passe.