domingo, agosto 25, 2013

anoiteci precisando ser poesia:
um grito no escuro
e o fósforo nos lábios.

não tenho abraços,
apenas flores.
mas nessa noite nada me basta:
quero pétalas
pele
perdas.

a poesia é faminta.
ai que bonitos seriam os campos
se a terra fosse de todos
e os frutos fossem livres.

o amanhecer não seria uníssono
mas uma ópera nascente
como o orvalho que
ao cair do céu 
escreve na folha
e deságua no mar. 

é preciso cantar a liberdade
essa filha nossa
de gritos de sangue e de guerra
que aguarda apenas
o dia de nos dar à luz.
minhas mãos tão pequenas
parecem não suportar o peso do mundo
nem a tristeza desses olhos cansados
do dia perseguindo o sono.

será que da vida nasce o amanhã?
e as estrelas são sorrisos de nossa história?
quieta, alcanço com os dedos a revolução.

o céu é cúmplice da miséria,
mas também da liberdade.
abro a mão e sopro as estrelas guardadas.