terça-feira, janeiro 24, 2017

há muitas pedras no nosso caminho.
talvez, em outra vida, pegaríamos essas pedras filhas da puta do caralho e jogaríamos no mar. quem sabe faríamos de bola de futebol.
agora não dá pra fazer nem casinha nem amontoado deixado por fadas. são só pedras maciças embargando a estrada.
o que a gente faz, quando há mais pedras que terra, quando a carroça que temos quebra no meio da chuva e o burro que tava na frente sai correndo? que bom que saiu, porque não é legal animal ser usado pra isso, mas como que a gente segue, cheias de lama carregando nossas bagagens que são mais pesadas que as próprias pedras?
no meio do caminho tem um monte de pedra. mas tem também a gente pegando uma pedrinha e jogando na cabeça da outra, e rindo até desmaiar de como essa pedra é um teatro grego.
tem a pedra com cara de história impossível do passado, que se a gente conta pra alguém, essa pessoa não acredita.
tem pedra que tem gosto estranho e dá até pra comer bebendo uma cerveja. tinha uma outra que, depois de tanto a gente socar, virou uma obra de arte.
então é isso. tem uma porrada de pedra no nosso caminho. tem dias que choro, tem dias que chuto as pedras e machuco meu dedão.
nesse momento de raiva e impotência, me sento do lado das pedras. e quer saber mesmo? de verdade?
desisto de atravessar. porque, no fim das contas, nós também estamos no meio do caminho.
para minha amiga, Dan Villela

sábado, janeiro 07, 2017

teus olhos são oceano.
te explico: a pequena e solitária onda despencou na areia que respira.
o mar branco com seus pequenos trovões vermelhos morre e renasce em segundelas.
o sol castanho tudo vê mas também é eclipsado.
abro as mãos e recebo tuas ondas: preciso.
é um dia quente, e o que tenho é só um deserto solitário.