quinta-feira, junho 14, 2007

Piscar De Olhos.

Talvez eu lhe sinta muita saudade.

Não, sem talvezes. É sentido, obviamente.

Eu venho andando pelas ruas sem você, e isso quase chora. Eu ainda posso ver nossos braços em nossos ombros rindo de nossos gritos. Gritos de um pingo de felicidade compartilhada, e o êxtase pós-semana. Escuto nossas conversas, nossas histórias inventadas, e cada lembrança entra como uma faca em minha alma, dividindo-a em dois mundos: o antes e o agora.

Eu a vi descendo a escada. Cada degrau, um impulso. Tive a vontade louca de puxar-lhe os cabelos, de socar-lhe a cara, várias e várias e várias vezes. E, em minha imaginação, esperei que me batesse de volta, que me machucasse. E, principalmente, que me arrancasse sangue.
Mas por que não o fiz? Por que nunca arranquei todos os seus fios de cabelo? Por que, após ter-lhe matado, não a abracei de volta?
Porque sou covarde. Não tive coragem, até agora, de admitir a falta. Pois ainda não me domina por completo, ainda consigo agüentar em não ver o sangue pulsar. Mas eu lhe garanto que você é tão covarde quanto eu. Somos uma faca de dois gumes.
Eu nunca admiti para ninguém que estou morrendo por dentro. Que há algo em meus olhos dilacerado. Pois admito agora. Eu sinto doer, e dói muito. Não há outrem, não consigo deixar que entrem em minha mente, que leiam minha alma, como você um dia leu. Tenho certeza que ainda tenta fazê-lo, mas de sua forma discreta.

Eu preciso de você.

Mas parece que somente o precisar não basta.
Eu preciso que você precise de mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hum... o.o