Sinto falta daquela brisa. Aquela que trazia junto consigo as gotas do mar e um pouco de cada pessoa. Gostava de ser tocada por cada pequena parte de cada grande sentimento. Eu me sentia viva, dentro do mundo, dentro do mínimo que se maximizava quando me nutria. Mas girou o uni_verso em_versos in_versos...
Um grito dentro de mim silenciou: volta. O vento tornou-se vácuo, o mar tornou-se sal. Fiz o meu casaco de balão e soprei soprei soprei. Precisava inventar o ar. Mas não sabia para onde ir. Porque não havia mais onde ou quando. Apenas... as minhas pernas fora do chão e o meu corpo flutuando pelo céu azul.
Reparti os meus cabelos ao meio e fiz um lápis de fio molhado. Desenhei, em uma nuvem, uma janela para o passado, e minhas lágrimas, ao vê-lo, inundaram o mundo. Criaram novos oceanos salgados, com peixes brilhantes carregando sinais de trânsito e de todas as dores do mundo. Peixes verdes, amarelos e vermelhos, que se esbarravam por todos os lados.
Não consigo compreender ainda como tudo tornou-se o agora. Mas é. E o que vejo me invade e se torna parte de mim tão perfeitamente. Não posso nem ao menos fechar os olhos, porque os peixes não têm pálpebras e a visão deles é também a minha visão. Meus olhos são caleidoscópios invertidos e milhares.
Quando pousar os pés de sapatilha arco-íris na terra firme ou na areia movediça, preciso conter minhas gotas infinitas. Porque já irá ser hora do sorriso girar as flores-cataventos ao redor da vida.
E eu serei a sereia da brisa que voltou a habitar minha face.
4 comentários:
fazia tempo que nao via um TAO lindo seu =D adorei,mesmo! ta muito legal
Por alguma razão eu associo esse texto à uma versão da criação da terra caso Deus fosse um poeta... ou se ele ao menos sentisse as coisas.
tenho sede dessa escrita amarrada ao dentro.
Você sente tudo.
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