gostava de assoprar as bolinhas de sabão e ver como estouravam facilmente. sabia que era tão passageiro como uma viagem de ônibus até itacuruçá naquelas férias de verão.
a bolinha sobe, diz que não quer nada, sente o mundo por alguns segundos e...
às vezes tentava pegá-las com a mão, mas era muito difícil! escorregadias, espertas, medrosas. as bolhas de sabãos conseguiam ser mais sábias que a menina.
ela, sim, deixava-se agarrar. aliás, jogava-se nas presas ferozes com a coragem nos olhos fumegantes. abria os braços como quem diz me abraça forte never let me go.
também surgiam, com isso, as vontades de eternidade.
quero que isso não se acabe, não não, como poderia deixar de ser isso para ser aquilo, como? fica, fica, não se esvai, não se deixe voar pela brisa até misturar-se e deixar de ser algo senão ela mesma.
corria. o céu em seu rosto, estrelas penduradas em seus cabelos. precisava alcançar o depois e guardá-lo dentro do peito como um grito que não, não quer sair. fica, fica!
preciso tanto de você como é, estático e brilhante. luz que pisca, mas nunca acaba. desejo de estar aqui agora eu você.
com um sim: estourou a bolha e viu as gotinhas d'água caindo no chão.
com um não: continuou a olhar a bolha esperta, que subia colorida a tentar alcançar o céu e tornar-se arco-íris.
-fotografia-
às vezes prefiro um talvez.
5 comentários:
gosto muito do que você escreve. lembra muito meu jeito. não sinta isso como uma crítica, se não gostar do que escrevo. só que me identifiquei.
gosto de falar o que nunca foi dito ou dizer de um jeito nunca explorado sobre coisas banais. cada texto seu é uma novidade. e apesar de falar sobre bolhas de sabão, à primeira vista, e de outros assuntos mais sutis, à segunda, terceira e quarta vistas, você faz tudo tornar surpresa.
a gente lê textos por aí, lê, lê, mas continua sendo restrito o carinho de algumas pessoas com as palavras. eu enxerguei isso em você.
escrever todo mundo consegue, pior, melhor, só a assinatura, receita de bolo. cantar todo mundo canta, afinada ou desafinadamente.
mas poucas pessoas chamam a atenção. porque será?
acho que quem lida com essas sutilezas da vida traz nos bolsos toda as verdades, junto com uma caixa de ferramentas. fazemos o que quisermos com a vida, com a verdade, que é uma baita mentira, com algum bisturi e com uma caixinha de tinta guache.
gostei muito desse. Bolhas de sabão são viciantes. *-*
Te amo, boba. Vamos mudar, mas juntos. Meu grito de eternidade em constante mudança. =D
Vou prestar bastante atenção a esse lugar agora!
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