quarta-feira, novembro 18, 2009

sussurros em forma de olhar no gramado noturno.

- meu amor, a vida corre. -
aqui estou, passageira do orvalho,
contando as estrelas através das batidas do seu coração
esperando, calma e serena, o mundo girar mais uma vez
e as nuvens se transfigurarem como algodão-doce em mão de criança.
- meu amor, meu sussurro é silêncio que chora. -
olho suas mãos mal-feitas, as unhas crescendo tortas,
as notas do piano marcadas em suas digitais.
toca uma música?
isso, passeia os dedos pelo meu corpo e me faz acorde sem som.
a pele nunca fala. ela transpira.
- meu amor, preciso de oxigênio. -
que eu já não posso respirar esse ar ora doce ora contínuo ora amargo ora lúcido. porque me corrói, viver está me matando.
sinto cada estrela morrendo comigo, sinto cada lua iluminando meu túmulo.
- meu amor, o dia termina. -
e o silêncio vai silenciando. meus lábios tornam-se botões de rosa para nascer amanhã. cada gota de verdade se perde nos poros sem fim.

meus olhos chamam a aurora: a noite estrelada, os sussuros cadentes... morrem com o brilho cansado do sol insistente de cada dia.

3 comentários:

Marina disse...

a vida corre. mas, às vezes, também escorre.

M. disse...

"isso, passeia os dedos pelo meu corpo e me faz acorde sem som."

QUE LINDO, PRIPRI!

as coisas que você escreve me fazem criar imagens na cabeça sobre o que as palavras passam. tipo, envolve!

adorei ^^

Cecília disse...

Pri, poder brincar com as palavras é atividade sem fim, é consolo poético pras horas duras, tecido pra quando nossa cabeça embola e precisamos de umas verdades florindo no papel. parabéns por poder viver assim e, em relação a essa prosa poética especificamente, digo que é puro amor, ou o amor nas suas impurezas humanas e divinas, sei lá, é lindo; lindo, denso e triste também. um beijinho procê =)