quarta-feira, junho 08, 2016

há outras formas de escrever poesia.
sem essa de nos papéis da vida
imaginar figuras que sombreiam outros passos.
há o vento no cabelo,
e a música fazendo o caminho sorrir.
há o chocolate esquecido na bolsa
e aquele abraço que lembra o tempo em que ainda escrevíamos cartas.
falando nisso, tenho te escrito muitas cartas.
pena que não te envio.
porque ficam aqui, as palavras
rodando minhas manhãs ainda de insônia,
e minhas noites viciadas em café meio amargo.
ah, sempre preferi as coisas doces.
mas o açúcar sempre acaba,
ou é carregado pelas formigas,
sempre mais famintas que eu.
pra onde foi minha fome?
essa que me fazia comer sopa de entrelinhas.
sim, há outras formas de escrever poesia.
mas sinto falta da sombra que me seguia,
sem ter meu corpo,
sem ter meus passos,
ah! não se pode ser pássaro todos os dias.