sábado, novembro 30, 2013

se eu morrer amanhã,

não jogue flores no túmulo
nem beije minhas fotografias.

não apresse o choro
a desaguar no mar
nem inunde minha casa com abraços partidos.

não venha arrancar as lembranças sonolentas
da terra fértil e inocente.
não amanheça querendo ser nuvem teimosa
ou chuva de verão.

se eu morrer amanhã,
apenas viva mais um dia por mim.
mania de soprar as páginas em branco
e ver as estrelas se espalharem por aí.
mente incendiada põe fogo no poema
e deixa ele morrer sem dó. 

colorir o começo,
cochilar na metade
e orfandar o final.
isso é coisa de casca sem fruto, diriam.

mas prefiro à parede que me impede
a cachoeira que me destrói.

sexta-feira, novembro 22, 2013

já não sou mais tão nova quanto antes,
mas ainda não tenho 25 anos de sonho e de sangue e de américa do sul.
estou na idade do desencontro
de andar de olhos fechados na corda bamba.
se cair, ainda voo?
se voar, ainda sonho?
em cada manhã, uma porta.
caminhos de pedras e poemas,
sem ritmo, sem setas
sem reta final.
(por hoje só)
um poema para alegrar o dia
e entristecer a noite.
longos versos de carinho e solidão
samba escondido por entre as rimas soltas
dançando na imensidão.

nada pelas ondas de imagens
ora afogadas, ora flutuantes.
ah, poema de tinta negra!
marca na pele a tatuagem
do riso e do choro fumegantes.

domingo, novembro 17, 2013

sorte tem o coração distraído
dorme um sono tranquilo
enquanto perambulam à noite
os amantes desesperados.

rasguei o coração do peito
e joguei no abismo
fingiu ser avião de papel
e caiu num livro inundado.

ai, coração inventado
vai dar susto no mundo
e deixa o poema dormir.
no lo sé quién tú eres
ni cuándo se fue
solamente que me hieres
y que imita el amor.

no lo creo en el pasado
hoy poesía de mi dolor 
pues él tambiém fue engañado
como mis oídos, boca y color.