domingo, setembro 26, 2010

mudo os planos:
a janela agora é um quadro do mundo
guardo nas mão fechadas
o pincel que vai desenhar o carnaval

ligo a música
vomito as cores presas em mim
danço com os passantes
giros que não acabam
passos nas folhas secas da nota que não toca mais

inverno quente esse no meu corpo
escorrem risos e abraços
suor vivo alcançando a vida
vida que roda na palma da minha mão

sábado, setembro 25, 2010

acho engraçada essa minha vontade de tomar as coisas de súbito. agora que aprendi a beber as saudades, arranco todos os copos que vejo pela frente e dou um longo gole. como se não bastasse, gosto do cheiro e do suor da tempo, respiro e passo a saliva pelas horas, canto com os segundos que me vão transformando em companheira e irmã das confissões no escuro.
sinto como se estivesse vivendo o mundo, sede de ser e sermos, coragem de entrar na roda e se deixar embalar. outro dia eu rodei rodei sozinha no meio da sala, rodei até ficar tonta e cair no chão, rindo. sensação do embaçado, cores todas juntas, movimentos mais rápidos que eu, a vida que segue em ritmo de música e embriaguez.
não vou esquecer o que você me disse no ponto do ônibus. os passageiros olhando nossa espera, o medo do assalto e da violência, apesar de, naquele momento, já termos sido assaltados e violentados por muitas coisas. você olhou para aquele viaduto longe, alto e com um porte de respeito. 'acho que não temos controle sobre nada'. eu concordei, porque me sentia tomada por tudo ali, menos por mim mesma.

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