segunda-feira, novembro 28, 2016

o de repente, filho do tempo, casou-se com a paixão.
viveram felizes até que de repente se olhou no espelho:
estava todo desrepenteado pela paixão.
pegou o pente, presente do seu pai, e se repenteou.
quando a paixão se encontrou com ele, não o reconheceu mais. chorou.
e o de repente também nem sabia mais de onde tinha vindo, quem era aquela mulher e o que estava fazendo ali.
se separaram. de repente voltou para o colo de seu pai.
a paixão, sempre sem rumo, foi.
passou pelo espelho e viu o pente. foi tentar também repentear seu cabelo, mas não conseguiu.
o pente quebrou. revoltada, quebrou o espelho.
e não é que dos cacos no chão ela se viu diferente... uma ali, outra aqui. ela era o mergulho num caleidoscópio.
agora, sim, entendeu porque de repente se foi.

segunda-feira, novembro 21, 2016

às vezes a gente se perde
que nem chuva em dia de domingo 
que saudade da praia!
o coração é só nublagem 
não dá pra ver mar
nem quem a gente era
o passado assombra
faz guerra, mata os soldados
mas traz espelho, mesmo um quebrado.
no meio dessa crise
um pouco nossa
as vezes só minhas
esqueço a crase 
me perdoa?
não tenho cabeça pra fala
nem pra te escrever uma carta
essa crise me entorta
acentuo o sotaque
deixo pra lá a porta.