terça-feira, junho 17, 2008

pensamento.

Sorvete seria ótimo agora. Mais uma crise gelada. Uma crise gelada de chocolate. Que delícia. E eu que prometi que não me iria importar! Aliás, eu que achava que não me importava. Que coisa, não? Em um momento as coisas significam absurdamente nada para você, mas basta piscar os malditos olhos que o apego já é imenso e você está com um grande problema. Um problema sentimental, ora. Quando você simplesmente sabe de toda a verdade, puríssima, inteira, total, e vem aquela pessoa infeliz, ah como é infeliz, e cospe-lhe completa na cara.
A verdade é que falamos demais. Concordo plenamente. Falamos o que não temos que falar, apenas porque temos a necessidade de fazê-lo. Incrível. E quando descobrimos que o que fizemos não foi boa coisa, começamos a jogar argumentos, de fato (quanto paradoxo!), falaciosos. Mas então, meus caros, a merda já está fedendo. Nós já magoamos a pessoa, já concluímos que a nossa opinião é a incógnita da questão. Somos os melhores bundões do mundo.

Mas para que a distância? Por que precisamos tirar as conclusões? Não podemos entender, ao menos um pouco, um mínimo pó, que não sabemos de tudo que se passa com o outro ponto que está na reta?

Mas o “outro”, e são milhares desse estirpe, também não é inocente. Ele nutre a mágoa. E ele distancia-se ainda mais de você. Porque, às vezes, a verdade falaciosa era verdade verdadeira (uau, agora faço uso do caríssimo pleonasmo).

Não tenho conclusões a respeito disso. Nunca tive e nunca almejei ter. Apenas queria que as pessoas fôssemos (silepse, you know?) um pouco menos orgulhosas e egoístas. Porque o nosso umbigo é algo realmente lindo, foi de lá que viemos etc, mas há outras coisas no mundo, tão mais belas…

Além disso (como adoro unir parágrafos e assuntos!), a hipocrisia latente tem-me incomodado muito. Cansei. Queria que, em apenas um segundo, todos tirássemos as máscaras e fôssemos para um baile à realidade. Seria tão mais… real? As pessoas dançando ao lado de suas ideologias ainda-não-tão-formadas, acreditando no que querem acreditar, admitindo sem o medo, sem o medo de nada, contornando, em passos rápidos, a mentira que apenas cega.
Isso seria uma utopia, certo? Certíssimo. Mas sonhar é o guia para fora da caverna de Platão. Ver o que está mais além das sombras é o primeiro salto para sermos nós mesmos. Para não mentirmos, para admitirmos o erro. E, poha, como é difícil admitir e fazer o que é moralmente e relativamente correto. Odeio relativismos, mas aceito o que o é. Porque a ética dentro de mim grita por justiça sem punição, sem dor, sem ódio. Uma justiça verdadeira, ideal, nunca mentirosa.

A ética dentro de mim grita amor! Porém é difícil doar-se com essa distância. Com essa ponte quebrada que foi criada entre mim e o resto do mundo.

Tenho um medo terrível: o medo de que eu esteja adaptando-me à crueldade. E, agora, escrevendo, entendo o que tanto me aflinge. É a realidade que criamos, não a realidade que deveria ser real.
Eu estou começando a enxergar o mundo, as pessoas, as coisas, os sentimentos, os fatos, como não enxergara antes.

E isso dói. Ah se dói.

Porque a utopia desfaz-se.
Desmantela-se.
Acostuma-se.

Até que desaparece eternamente.

Not yet, my friends. Not yet.

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