segunda-feira, junho 06, 2011

já andou de barco? eu tinha sempre duas sensações ao colocar os pés perto do mar: magnificência e medo. ao mesmo tempo em que tudo era tão grande, tão belo, tão vontade de viver e respirar cada pedaço que estava à frente, a imensidão me engulia e me causava uma dor e falta de ar que se prolongavam por alguns instantes de pensamento.
sinto que novamente estou assim. mas sem o mar aos meus pés. apesar de eu estar completamente inundada, não sinto cheiro de sal nem o canto do sol nascendo na linha do horizonte. são muitas coisas que me maravilham, e ao mesmo tempo me aterrorizo.
me dão uma moeda e dizem baixinho no meu ouvido: escolhe. cara ou coroa? duas faces do meu rosto, partes que eu quero guardar para mim quando me olhar no espelho, mesmo quando as rugas já tiverem formado um mapa monstruoso (e sem bússola a seguir).
quando estou no mar, não há escolhas, apenas uma fluidez e um balançar que vão indo para onde tiver que ir. posso manejar algumas direções, mas não se anda de barco na terra. é sempre o mar.
diferente de duas faces de uma moeda, uma exclui a outra. o mar não exclui o mar.
eu posso excluir a mim mesma, mesmo com tanta inundação?

a resposta é a seguinte: nunca amei tanto. e o amar, como já diz o próprio signo, é muito diferente do mar.

3 comentários:

GHLebrao disse...

o.o meu amor, linda vc, linda o que escreve... lindo e assustador o que escreveu aqui... eu te amo. gabriel.

Marina disse...

as vezes esqueço que você escreve tão bem. aí venho aqui e me lembro. lindo.

Ana disse...

A beleza ou maldição de quem escreve: tocar com dor e espanto o mar e o amar. Lindo texto. =)