quarta-feira, novembro 16, 2011

oásis

devagar, você adentrou no meu mundo. passos leves, sorrisos escondidos e mãos no peito. a respiração não podia ultrapassar o próprio corpo, era necessário que ficasse escondida, órgãos com os órgãos, sem espiar o vento ou ar que se estendia tentando entrar pelos poros.
o quarto na claridade amena, pronto para ser beijado, acalentado e posto para acordar. mas você desviou os olhos e colocou o dedo nos lábios entreabertos: silêncio. a vida é mais do que os barulhos do antes e do agora, fica no susto do que poderia vir a ser e não vem. shhh.
deitada na cama, o corpo bronzeado de palavras minúsculas e frases trancafiadas, arrastava tudo com seu sono acordado.

- voltei pra te dar isso. não um cigarro ou uma carta. nem um daqueles malditos livros que você tanto gosta. não vou esperar você acordar para que seus cílios pesem em mim o peso dos anos e dos amores perdidos.

esperou. nenhuma resposta, apenas um mexer de cabeça e um aperto nos travesseiro. a janela entreaberta às vezes batia às vezes ficava. parecia indecisa e muito consternada com as palavras do homem que mal chegara e já parecia ido.
no sonho, tinha em si tantas cores e tantas esperanças, que mal escutava a voz naquele quarto semi-amanhecido.

- hoje andei por uma rua deserta e, por algum motivo, me lembrei dos seus olhos naquele dia. pareciam a voz do atacama. não pela sua solidão somente, isso também, mas por sua imensidão e beleza. a verdade é que quando te olho acordada sinto como se...

deixou na cama uma fotografia e foi embora. era o suficiente para dizer até logo, quem sabe um dia. ou até mesmo adeus.
quando acordou, sentiu a fragrância daquela onda que vem arrastando tudo derrubando casa destruindo lares e arrancando vidas. respirou bem fundo. agora era hora de encarar a areia em que seus pés tocavam.

Um comentário:

tarsila57 disse...

just... awesome.