segunda-feira, outubro 01, 2007

Ah.

Por quê, sinceramente, e digo sinceramente mais uma vez, por que agarro-me tão ferozmente aos detalhes? Por que acho que vejo certas coisas, e essas coisas me atormentam de tal forma que a alma parece querer afogar-se em angústia?
Eu digo por quê: pois você não passa de uma guardadora, exatamente isso. Você guarda o pisque dos olhos e o roçar dos dedos, o olhar de lado, e o movimento dos lábios. Isso te rasga de uma forma surda, e sangrar-se sem barulho dói. Dóis tanto, que você esquece completamente da dor, pois você se acostuma. E então não sabe para quem virar o rosto, pois estão todos apontando-lhe o dedo, gritando, gritando... e sussurrando, sussuros estrondosos, tão piores quanto os gritos. Como se a dor fosse pecado.

E então chega o segundo ato de tudo. Você sente a repugnância de si mesma, ninguém consegue alcançá-la. Seus olhos perdem o foco, você está caindo naquele abismo, tudo por causa do excesso de sentimento, antes tão escasso. Você cai. Parece nunca ter fim, parece que suas lágrimas formarão um mar, e sua pele tornar-se-á seca, sem o efeito da hipérbole.
Você percebe, então, que de alguma forma você está sozinha. Porque talvez nunca ninguém vá entender esse sentir tão avassalador que explode de dentro de você.

Por isso você chora, menina.
De medo.

De tanto medo...

3 comentários:

V. disse...

De que você tem medo??

Anônimo disse...

eu acho que amamos detalhes porque se só n´so vemos, é mais...preciso?
e acho que as pessoas sentem um medo bem assim, sim. Mas o delas. cada um o seu. ah, solidão!

Anônimo disse...

"precioso"
e não preciso! ¬¬