quarta-feira, março 09, 2011

meu quarto está uma bagunça, as goteiras caindo na cabeça, nas mãos e em onde mais conseguirem cair, o corpo desorganizado e recebendo as cores fugidias dos móveis, das fotografias e do cheiro teu que permanece aqui. um copo de água vazio na mesa grita, o vazio do grito quebra o copo cheio de alguma coisa que ainda não sei nomear.
mentira, sei muito bem: é dor. e ela escorre pela escrivaninha, alaga o chão inteiro e vai subindo subindo até encontrar os lábios e beijá-los com um pedido silencioso. é um quase fica. é um quase vai. é um fica mas vai, é um vai mas fica.

canto de ossanha que me perdoe, mas vou, que sou alguém de ir. guardo na bolsa um los hermanos, uma tiê, uma fiona e mais nada. vou-me embora pra onde me deixem mergulhar numa praia deserta, escutar um vinicius de moraes apaixonado. que é disso que preciso, apesar de não precisar absolutamente nada.
o carnaval dançou com o coração em frangalhos. cada samba era lembrança dos toques, da distância, daquilo que mal começou e já foi embora.

2 comentários:

Fenda Flor disse...

não deixe a bagunça do teu quarto tornar-se a tua. o passado é permanente e o aparente vazio que deixa é tudo aquilo que te inunda hoje. vá para onde for necessário, se necessário for. mas não deixe perder as lembranças que continuam a acontecer. a distância estará sempre dentro de ti, por quantas milhas andar.

Ana disse...

Quando fluem as palavras, flui a tristeza, pra fora e fica o fôlego pra seguir. E essa torrente que sai, emlágrimas e frases expurga tudo, até partes de nós mesmos que odiamos. Assim, dá pra viver...