o operário boceja as horas de trabalho
mas o galo não canta com os outros galos
ele vai amassado com muitos homens no ônibus.
nunca leu fernando pessoa nem olavo bilac
o que sabe são as notícias tristes e monótonas
estampadas cheirando à fumaça
das fábricas e dos cigarros.
nunca foi homem de escrever ou de cantar
não sabia o que era tom nem coda
de rima só simples, nunca rica.
não havia tempo para mudar
no emaranhado de nada e nunca mais
só o que soube é que talvez pudesse se libertar
quando um panfleto recebeu
de um desses comunistas que dizia
que queremos direito ao pão, mas também à poesia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário