domingo, outubro 13, 2013

o operário boceja as horas de trabalho
mas o galo não canta com os outros galos 
ele vai amassado com muitos homens no ônibus.

nunca leu fernando pessoa nem olavo bilac
o que sabe são as notícias tristes e monótonas
estampadas cheirando à fumaça 
das fábricas e dos cigarros. 

nunca foi homem de escrever ou de cantar
não sabia o que era tom nem coda
de rima só simples, nunca rica.

não havia tempo para mudar
no emaranhado de nada e nunca mais
só o que soube é que talvez pudesse se libertar
quando um panfleto recebeu
de um desses comunistas que dizia
que queremos direito ao pão, mas também à poesia.

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