terça-feira, janeiro 14, 2014

você nunca me deu uma flor. estando num barquinho em veneza ou num ônibus na suburbana. sequer o cheiro das pétalas passou longe, essência de carinhos, saudades e paixões suaves. 
por que, sendo tão humana, não tenho direito a segurar algo que se esvai como um sopro, mas que é belo, é belo, é belo. é o amor em formato de vida, é a vida em sua esfera mais animal e feliz. 
não quero a delicadeza de uma margarida ou os espinhos de uma rosa. tampouco o sol que gira do girassol amarelo. quero sentir seu cheiro, o sorriso de flor se abrindo para o mundo e pedindo para ser tocada e salva do asfalto, que é a maior solidão que podemos ter.
quero uma flor pra guardar o tempo que cai em seus braços como o orvalho chega toda manhã. quero soprar seu pólen em minhas poesias frágeis e famintas.
você nunca me deu uma flor, porque a madrugada serena sempre volta, porque meus olhos brilham demais e meu corpo parece feito de galhos, folhas e pétalas.

Nenhum comentário: