sábado, junho 07, 2014

mãos de babel

não nasci pássaro nem borboleta
a beleza deixei para trás 
também o voo livre pelo céu
e minha fuga amarrada no cais.

vim órfã ao mundo:
a noite não dá à luz
mesmo que a lua insista
em ser a flama que a paixão conduz.

fui ser logo morcego errante
cega das nuances do quando
caindo em bares sem permissão
derrubei muralhas apenas voando.

veio do mar nebuloso
com a sobriedade da visão
sabendo poema e inconstância.
crime e paixão.

arrancou-me do corpo as mãos:
"hoje tu amanhece aqui
amanhã não se sabe
com essas linhas de babel
canto, silêncio,
qualquer coisa vale"

não sabia das linhas que tinha
tampouco algo me disse a vidente
pois quando se está cego na vida
só se reescrevendo novamente.

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