quinta-feira, junho 15, 2017

eu achava que iria mudar o mundo
mas em vez costurava palavras
sentada na cadeira de balanço
com aquela mão flutuante empurrando devagar
divagando como uma velha os bordados incompletos
conversava com as formigas carregando pedaços de pão
e elas me respondiam em sua língua tão silenciosa
algo como estamos construindo uma cidade imersa
embaixo de seus pés
e todos os dias você nos destrói o caminho
nos faz passar fome
mas ainda andamos, andaimes nos buracos de sua casa
enquanto a agulha feroz já rasgava minha mão macia
as formigas andavam
a cadeira balançava
e na minha cabeça só aquela pergunta
eu achava que era uma formiga
mas não catava migalhas nem era arquiteta
era costureira
de coisas tão insignificantes
achando que qualquer significante poderia mudar o mundo

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