segunda-feira, dezembro 10, 2018

a gata preta, sentada silenciosamente no umbral, observa a noite esperando, delicadamente, aquilo que apenas os gatos sabem e podem esperar: o próximo instante. esse ritual se repete mesmo que eu não esteja aqui para comprová-lo, e ela acha que não sei sobre seus encantos, seus cânticos antigos, sua adocicada espera. 
gata preta, que jamais foi minha e é apenas de si mesma, me entristeço às vezes quando te vejo ver o mundo pela janela. quando foi que de nosso posto de seres nos colocamos como donos, e de nosso posto de donos nos tornamos grades? sinto muito, meu amor. mesmo que não me responda, sei das profundas rebeliões que ocorrem dentro de seus olhos amarelos e ariscos.

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