terça-feira, novembro 21, 2006

As Quatro.

E, quando você menos espera, aquele gosto de não-sentir lhe vem ao pensamento.


Simplesmente, a cor da folha é verde. É verde porque é verde. E ponto. Não há o que discutir com relação a isso. O outono sempre vem para transformar sua cor: não importa, a alma é verde. Esta estação, de fato, acaba com a esperança de muitas folhas.
Conseguiu, alguma vez, ver a dor da folha ao cair da árvore? E o sentimento de vazio, que esta sente ao cair no chão e entender que nunca mais poderá encostar naqueles galhos altos de sua eterna mãe?

Dói na alma ver o outono chegar.

Vem-se a primavera. Não importa a ordem, eu apenas sei que um dia ela vem. E mata a inocência das flores. De crianças puras e até mesmo com cheiro de rosa, passam a gigantescas pétalas sortidas, que muitos dizem ser maravilhosas.
Imagine, então, que, um dia, uma linda criança do maravilhosíssimo reino metazoa, que não sabe nem ao menos o que vem a ser fotossíntese, vê uma linda margarida, que acabara de desabrochar para o mundo.
O que essa magnífica criança faz?

- Adeus, minha flor!

Enfim, mais uma história florida, que não se acabou em final feliz.


Pulemos o verão. Dele não gosto.

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E lá se vai uma latinha de Coca-Cola pela praia de Copacabana.



De repente, é um frio que bate na minha janela, e eu tento ver a neblina que sai dos céus e vem me visitar. Às vezes, eu consigo pegá-la e guardá-la um pouco no coração. Outras, ela simplesmente passa por mim com um pulo sem sair do solo.
E a cor do inverno é azul. Azul mais puro. Azul de tristeza, azul de alegria. Apenas azul, como o verde da folha.
Mas o inverno congela as almas, mata as pessoas de frio na rua. E o pesar que levamos de palavras, são menores, infelizmente, do que as dores físicas dos muitos que sofrem.


Mais um ano se passa.
Mais folhas verdes caem.
Mais flores crescem e perdem a inocência.
O sol ilumina forte.
Também o frio ilumina as almas e apaga os sentimentos.



E eu posso encostar nas lágrimas descontentes de Deus, ao perceber que a natureza é o fim da natureza. Ao perceber que a beleza destrói a beleza, para que outra beleza possa renascer em verdade.

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