terça-feira, outubro 16, 2007

Um segundo de atenção.

E, então, mais um ano se renova, escapando por entre a sua pele todo o tempo que já se passou. Você quer segurar as horas, os minutos e, por deus!, até mesmo os segundos(pequenas partes de mim, que cobrem toda a pintura da minha alma), mas você não consegue. Parece que o universo resolveu atuar contra você, em função do tempo.
O que eu vejo é meu corpo sozinho, estático, em algum lugar entre lá e aqui; as estrelas bilhantes ao meu redor, girando, girando, como se eu fosse o centro de tudo. Eu disse tudo? Tudo o que não existe e aquilo que as mentes apagaram. Mas o maldito e meu mais temeroso medo parece ter-se extingüido por completo, já que aqui não há tic-taquear. Ou melhor dito: lá.
Olho para trás e os olhos reluzem: nada volta, os sentimentos (talvez apenas fantasiados, mas sentidos) sumiram-se todos, as mãos que me encostavam os cabelos tonaram-se pó, e o vento que dantes trazia o cheiro de verão tornou-se água, incolor, sem forma.

E, com as lembranças, minha realidade volta.

Eu estou aqui, agora, respirando, pensando no que escrever, escutando sonidos difusos. Mas o agora já se foi, já me estou no depois, que agora é agora, mas acaba de tonar-se antes.

Nada disso faz sentido, eu sei, obrigada. Mas é o que foge de minhas mãos para as palavras, o zunido tão irritante de minha mente, também com a mesma característica ruidosa. Eu não queria, e muitos eus de mim também não, não, definitivamente não, sentir o tempo assim, sem poder situar-se nem por um momento, por um milésimo de... segundo?
Segundo minhas mãos, e também a energia que emana da ponta de meus dedos, segundo, segundo elas, o segundo não existe. Não pode existir. Como poderia existir um segundo qualquer, como?

O confomismo do não-saber às vezes é completo em mim, mas dura apenas um... segundo.
Logo poderia dizer-lhe que, agora que já é depois, meu pensamento não-existe.

Adeus, segundo passado.
Amanhã talvez seja outo segundo,
de um segundo-décimo-sexto-aniversário.

Parabéns para mim.

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pra você \o/

Gostei do ritmo do texto.

Anônimo disse...

segundo, segundo. Adoro palavras, seus jogos.
E como que não faz sentido? Ora, sabe bem que faz, faz sim. Doloroso ou não, faz. Eu queria muito não sentir o tempo, não ver o tempo quando olho pras coisas e pessoas. Não o passado, mas o futuro, assim. As vezes me dá um aperto assim, olhar e ver o fim de todas as coisas nelas próprias. ush.
Enfim, também tem começos e recomeços. Não esquece!
parabéns.
beijinho =********

Anônimo disse...

acho que todo sente a sensação de perda quando faz aniversário, sei lá, né. Mas, acho que depois algumas pessoas se conformam com isso. Eu não me conformaria por dentro. É tão triste ficar velho, mas tudo tem seu lado bom.
(comentei. que milagre! ehauehaue)