terça-feira, abril 28, 2009

na minha [casa], eu [m]i[nto].

você me deixou de joelhos
no altar da igreja do mundo.
um anel de pensamentos no meu dedo,
um anel de sonhos enferrujado no chão.

partiu rasgando meu véu,
arrastando-o pelas escadas sem fim.
caíram lantejoulas feitas de pele
pelos degraus cada vez mais átomos
que você ousou descer com pressa sorrindo.

meu deus! - um grito.
fui cortada ao meio pela música
do órgão que não cessava.
as notas invadiram minha voz!
e, ao levantar-me, cantei,
enquanto jogava o buquê de folhas secas para o alto,
bem alto, infinito,
______________ não volta mais!

corri.
corri de-ses-pe-ra-da-men-te.
pelo tapete vermelho rasgado.
meu vestido se ia dissolvendo,
sumindo, deixando de ser.
até me criar nua.
nua em completo,
sem lágrimas, sem vastidão,
sem anel, sem mim.

rolei pelo caminho,
grudando ao meu corpo as pétalas que não caíram.
meus olhos respiraram o céu de fora,
e chorei um choro de falta,
ao tocar na água limpa
e não mais ver seu rosto de noivo-mulher.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sinceramente? Parece que seu grande amor lhe abadonou pelo mundo. Mas quem seria tolo o suficiente para largar tão singela poetisa?

Anônimo disse...

Legi.
Album.