domingo, outubro 31, 2010

a vida está me chamando. me chama tanto que chega a machucar meu corpo, meus sentidos, minha dor. coloca nas minhas mãos um sopro do que ela pode ser, um orvalho que ainda vai surgir do sereno da noite tão longa. quer que eu seja mãe e dê a esse orvalho um lugar por onde escorrer e se fazer existir.
eu digo pra vida que ela espere. que eu tenho medo, tanto medo, de um dia acordar e não saber onde estou, cair no meio do asfalto e ser queimada pelo sol. como queima! o calor de agora me invade me possui cada poro sai pelas festas que dançam nos meus dedos.
como posso como posso criar um orvalho se não crio nem a mim mesma? um orvalho que nasce na esperança de ser, de ser muito, de crescer e passear pelo mundo, de sentir as pessoas, suas flores suas vozes. é uma continuação do que sinto para fora para dentro para lugar nenhum.

eu queria chorar agora. pedir implorar que alguém me dê a mão e que me salve. as horas passam os mundos se encostam a vida me exige
hoje eu li uma coisa que me deixou assustada. no seu rosto vi algumas dores segredos passados sentidos nada mais que vontades de antes e depois, e o agora? o agora eu passava o orvalho que a vida me deu pel sua pele pra você sentir um pouquinho e para eu admirar o que é sentir e querer mais.

você me encostou. eu quis te empurrar, deixei a vida cair no chão desarmada sozinha esmagada pelos milhares de passos que um dia se confundiram por ali. corri pelo tempo lembrei dos rostos das coisas que inventei dos sonhos das malas desfeitas.
não, eu não inventava nem desfazia malas, só ficava observando a escuridão ao redor e os olhos pedindo revolta vergonha amor.

inundação: abraços toques e distância. a vida que se levanta sem perceber e foge carregando a repsiração ofegante da gente.

ondas me acertam sempre,
esses momentos me afogam e me guardam para si, só para si.

Um comentário:

André Luís Borges de Oliveira disse...

Lindo. Com todo respeito à sua dor.