quarta-feira, fevereiro 06, 2013

and the rain will kill us all

peguei a bicicleta e coloquei fogo no céu. não sei se era a mente ou os pés que pedalavam. fui por aí, pedindo ao chão, às árvores e aos pedestres que me dessem um caminho ou um sentido para correr atrás. não havia seta nem sinalização, a noite escura já anunciava uma inundação no meu corpo, e os gritos dentro de mim pediam para que eu tomasse o controle.
era demais encontrar um livro pela estrada para que me fizesse respirar um pouco? um personagem contando uma história bonita, como aquelas que me narravam para dormir, ou uma vida em cores variadas, nada cansativa, mas cheia de alguma coisa mágica. páginas amarelas, ressecadas com o tempo, letrinhas minúsculas e pesadas, uma loucura retirada do nada e criada para completar o que mais nos falta.
tropecei várias vezes. parava nas pracinhas, onde senhores jogavam xadrez, pensando na melhor estratégia para poder continuar se movendo. e daí que a chuva já era anunciada e as pessoas corriam para casa? a bicicleta já estava enferrujada, assim como os olhos e as mãos.
meu cabelo foi sendo arrancado pelo vento, fiquei nua no meio da tempestade, esperando as nuvens irem embora. mas aqueles pingos fortes estavam indiferentes à minha tristeza e continuaram me machucando a cada gole que eu pedia para ser tomado.

Um comentário:

Lygia disse...

Tua inundação é muito longa. Parece o Rio de Janeiro em Janeiro. Tudo inundado e sujo. Mas é preciso construir melhorias pra não haver mais inundações.
Deixas as coisas simplesmente escorrerem pelo ralo, e não deixá-las presas com água e sujeira.