terça-feira, agosto 23, 2016

em noites como essa,
a madrugada apontando uma arma pro teu peito,
o relógio na parede te dando avisos
ameaças, como uma casa que que transpira e te sufoca,
sim, em noites como essa,
eu já não sei como é rezar,
já não consigo lembrar onde deixei os sapatos
e os pés descalços me trazem de volta
pro chão duro, frio e amargo onde estou agora.
em noites como essa,
casei-me com as ruas desertas,
o silêncio é o único grito que me acorda
essa insônia que parece falar comigo
é surda e cega, como os passos que dou ao tentar a sorte
de tatear no escuro algo que me salve.
em noites como essa,
não tenho palavras.
tenho talvez um eco que se esconde...
(o abismo nunca pode ser tão óbvio)

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