terça-feira, agosto 23, 2016

gosto da madrugada. é o meu momento silencioso de escavar, como quem procura um baú desesperadamente, por palavras que me façam respirar em paz. 
preciso de alguns versos que compreendam o pássaro azul dentro do meu peito. que afaguem a tristeza, que me deem um dia para chorar. mente quem diz dar a mão à solidão e dançar com ela, mesmo um tango argentino. a verdade é que ela, sorrateira, te apunhala pelas costas. ou melhor, te dá a arma e mostra tua cabeça. 
conforme o dia vai amanhecendo, percebo que cavei um buraco imenso, quase um abismo. e não há nada ali dentro. 
o que me resta é enterrar as palavras que eu mesma crio e morrer soterrada. 
ah, madrugada, tu é meu túmulo e minha ressurreição.

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