quinta-feira, dezembro 19, 2013

mataram minha mulher.
não sei até hoje o que senti, em 1982.
só abri os olhos quando me lembraram que era verdade.
um tiro no banco, mas também no coração.
foi-se embora a mágoa, a felicidade e o meu filho em seu ventre.
se fazia frio, se havia pessoas sorrindo na rua e o natal chegava,
eu não sei.
lembro apenas do mundo embaçado, da minha pele cor de arrepio,
do prédio de 19 andares de onde não me deixaram que me jogasse.
bruta flor, diamante não lapidado, sonho de uma noite de verão.

é a vida esse fragmento rabiscado?

Nenhum comentário: