segunda-feira, setembro 18, 2006

Adeus.

Eu vi todos os pratos serem quebrados. Um por um. Parecia ter preferência pelas cores claras, pois os pratos mais escuros e sujos foram deixados para o final. Os gritos ecoavam de sua boca com uma facilidade demoníaca. As lágrimas já eram uma parte de sua alma, junto com o ódio que saltava de suas veias. Eu não entedia o porquê daquilo, e como poderia fazê-lo?
Eu, com apenas sete anos, presenciava tamanho sentimento. Tamanho ódio crescente. Por que estaria fazendo aquilo? O que houve?
Foi quando ela entrou em casa, soltando uma exclamação de surpresa. Viu-me, em um canto, chorando, apavorada. Abraçou-me forte.

- O que houve, querida!?

Escutou barulho de vidro se quebrando, e correu para a cozinha. Escutei mais gritos, agora, vindo de dois tons de voz totalmente opostos. Não paravam de gritar, tudo somente piorava, parecia uma tempestade cheia de trovões que não cessavam.
Peguei minha bonequinha de porcelana, como se fosse proteger-me do acontecido, e fui, passo sobre passo, até as vozes.

- O que pensa que está fazendo?

- NÃO ME VENHA COM ORDENS, SUA PUTA!

Ela caiu ao chão. Apertei a bonequinha contra meu peito, enquanto assistia ele surrá-la. Não se cansava de bater, usava um pedaço de madeira. Arranhava seu rosto, até o sangue sair de suas bochechas finas e rosadas. Ela desmaiou. E, então, ele pareceu estar saciado o suficiente para suspirar e deixá-la em paz.
Virou-se para mim, por um momento, e pareceu arrependido. Mas esse arrependimento pareceu sumir totalmente quando pisquei os olhos. Ele passou por mim, afagou meus cabelos durante uns cinco segundos, e beijou minhas bochechas.

Depois, pegou uma mochila velha e foi direcionando-se para porta, de onde sairia para sempre.
Deu-me tchau.

E foi a última vez que vi meu pai.

Fiquei sentada, ainda com a boneca nos braços, não acreditando no que se passava. Consegui juntar forças e olhei para ela, caída no chão, com o vermelho espalhado.
Não agüentou.

E foi a última vez que vi minha mãe.

8 comentários:

Anônimo disse...

Que triste.
Sério. Todo homem que faz isso devia perder o pau XD
mas é.

Hugo disse...

Que mórbido. Isso é de sua autoria?

Marina Schmidt disse...

Nuss, q triste..
mas amei seu blog^^
bjaum, vóvii

Anônimo disse...

Você escreve de uma forma assustadora. Te incentivarei atéo fim dos meus dias, moleca. E devia escrever esse gênero aí, justo esse, com um toque de todos os outros que você escreve.

Adorei. Me fez sentir calafrios.

;*

Anônimo disse...

Noooossa, voce escreve muito bem, perguntei até pra Bruh se tinha acontecido com você ou se era um história xD. parabens, o blog ta lindo ;*

Anônimo disse...

Que triste :~~

Ao ler, parecia que eu estava ali presenciando tudo tambem =o(

É uma barra para uma menina ainda mais com 7 anos... Essa historia nao é veridica, pois nao? =/

=***

Boa semana

Anônimo disse...

Oi, tudo bem? :)

Vi você no blog da Bruh e vim dar uma olhada. Nossa, gostei muito dele, seus textos são muito bons! É um daqueles blogs que você entra pela primeira vez e gosta tanto que lê todos os posts que nele estão! :)

Esse é muito triste, mas infelizmente acontece muito, histórias parecidas com esta.

Virei mais vezes xará! rs...

Bjus!

Anônimo disse...

Muito triste.

me urinei toda i_______i