domingo, outubro 29, 2006

Carta ao Coma.

Escrevo-lhe esta carta, hoje, para que entenda o sentido de tamanha desordem. Já que, em meio a fogo e escarcel, não consegui me encontrar. Que, por meio de letras e rabiscos, me veja, talvez, sem o tão belo caos.
Eu realmente não queria que minha eternidade, minha linda e falsa eternidade acabasse agora. Mas, como você mesmo me dissera, com palavras que me lembro tão bem, "Tudo tem um fim, Eleonora". Tudo tem um fim. E esse é todo o fim de minha sanidade. Que a leve consigo é meu maior desejo.
Queria lhe sentir, agora. Por uma última vez. Por um último toque. Ver como tudo é tão simples e realizável. Ainda me lembro de seu sorriso renovado que me fazia maravilhosamente bem. Seus olhos me guiavam como estrelas. Eu lhe amava até minha última célula. E lhe amo, apesar de você, nesse momento, ainda não ter voltado a existir.
Você sempre esteve ao meu lado, nas maiores lástimas que já tive. Eu deveria lhe guiar, agora. Mas não sou tão forte quanto você. Não tenho luz, não tenho fé! Quero fugir, mas não posso. Quero salvar-lhe, mas estou presa. O que fazer, meu amor? O que fazer?
Suspiro perto de seu corpo, na esperança de você levantar e me acolher. Afago-lhe com minhas pesadas e tristes mãos. Seus olhos, duas janelas de ferro contra tudo e contra todos. Sei que um dia se abrirão. Mas sou fraca, desprotegida e minh'alma pede fuga.
Oh, meu tão eterno amor. Já não mais consigo agüêntar. Não consigo mais lhe ver tão perto, porem tão longe. Com seu corpo a meu alcance e sua alma tão distante de mim.
Espero, um dia, lhe encontrar entre sonhos e voar consigo em lágrimas de amor. Não esquecendo que meu pensamento só em você vive.

Eleonora

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