domingo, outubro 29, 2006

Mesmo.

Ultimamente, a realidade tem se tornado abstrata para mim. As pessoas passam , sem rumo, acreditando em algo mais. E eu, ah, e eu apenas me prendo a esse mundo irreal que pensava ser o mais real possível.
Aconteceria, é verdade, se todos prestassem atenção em todos. Mas quem disse que isso os consome? Que nada. O que querem, mesmo, é muita porpurina e glamour. E quem disse que se importam com o preto e branco das pessoas lá da favela? Quem disse, hem?
Ninguém disse. Porque ninguém mente. NINGUÉM mente. Alguém o faz? Ah, claro. Eu a quero muito bem. Essa inutilidade chamada mentira. Calma, ela vem chamando. E não tente fugir. Um dia, ela sempre lhe alcança. Porque, quem acredita, sempre o faz.
E o passo da lavadeira, gritando, sorrindo. Ela acena para a criança que é estuprada na vendinha. Amanhã. Amanhã vem como ontem. Não tarda, não. Corre, criança. A dor é sangue.
A mentira é branda. E vem com o segredo.
Psiu, você. Menina bonitinha. Cabelos delgados. Deixe eu lhe pintar? Com as cores da noite, com as cores do dia. Ah, que beleza.
Acordei desse sonho. Vida inalienável. Realidade irreal.
Sonhei com o verde do mar e com o azul da floresta. Vê se pode?
É abstratismo, são seus olhos negros. É a mão querendo charme. Ora, de chocolate. O doce dos doces. O doce do segredo.
Música ao fundo, mentira ao convés. Onde está meu pensamento? Dentro de mim? Ou escondido nas barras de chocolate?
Aacabou o papel. Escorreu a tinta. A verdade sumiu.

A inspiração cessou.

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