segunda-feira, outubro 02, 2006

Meus Quinze Anos.

Para mais informações, leia o post abaixo deste.
Obrigada. :)


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A menina acordou rapidamente, como quem leva um susto ao sonhar que está caindo. Levantou-se e matou a preguiça, esticando os braços longos e delgados.
Que horas deveriam ser? Seis horas de uma nova manhã? Sete? Não importa, hoje é hoje e ponto.
Não estava feliz e isso se erradicava de uma forma simples e clara de seus olhos. Estava nervosa, talvez com medo. Não era todo dia que se acordava com um ano de vida a mais, e essa idéia não agradava-a muito.
Foi até a penteadeira do seu quarto e deu uma longa olhada naquele espelho sujo e quase sem reflexo, que a acompanhava, todos os dias, desde que era uma pequena garotinha cheia de idéias e sonhos. Não mudara muito dos oito anos para cá. Apenas não brincava mais de boneca e nem se imaginava numa floresta cheia de dinossauros. Não contava mais as horas para ir à escola ou para ir para a rua no final de semana.

Então, pensou, mudei exatamente em que parte de mim?

O espelho pareceu responder-lhe, mas não o fez. Ela olhou novamente para sua imagem fixa, e suspirou bem fundo, com um aperto de vida passada. Queria entender como ela poderia ser ela mesma sem os tiques nervosos, sem os resmungos, sem os medos. Ela sabia que as mudanças eram necessárias. Mudamos a todo o tempo, mas mudamos e continuamos dentro de nós.
Ela desisitiu do espelho do quarto e foi para o espelho do banheiro. Esse não dizia muito mais, a não ser que sempre embaçava quando tomava banho muito quente, naqueles dias frios. Ainda não sentia-se bem. Ontem havia sido o seu último dia de catorze. Hoje era quinze. E os espelhos haviam mudado, também, para uma imagem quinze.

Não quero passar daqui.

Mas para quem estava mentindo? Ela sabia que não poderia querer, preparada ou não, o tempo passa sem pedir. Ele leva a vida, como o vento, e nem sentimo-lo passar. Não havia querer e muito menos poder, era agora e não antes ou depois. E mentir para si mesma não mudaria absolutamente nada.
Tentou parar de brigar com seu próprio reflexo, e refletiu, em si, o que deveria estar pensando. Com quinze ou sem quinze, ela continuava a ser ela. Com suas bochechas, seus papéis, seus olhos e suas palavras. Nada estava mudando. Apenas uma data a mais estava a se renovar, como em todos os anos de sua vida.

Aqui estou. Ainda sou eu. E sempre continuarei a ser.

Saiu do espelho e preparou-se para atender as ligações de feliz aniversário. Mais um dia estava passando. Mais um ano estava começando em seu ciclo. Tudo estava se renovando. Mas, o mais importante, era que ela continuava a ser ela, com catorze anos, com quinze anos. Com ela e com ela.

Sentiu-se feliz, ao perceber que o seu reflexo continuará sempre o mesmo, apesar do tempo levar a poeira das lembranças consigo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Todos sentimos isso às vezes, mas para meninas se torna alguma coisa maior em seus 15 anos. Tradição, acho eu.

;*

Anônimo disse...

Você continua escrevendo maravilhosamente bem...
E você não me disse ainda se sabe emxer em ftp e php para hospedar seu site no unsettled-thoughts.
Porque o end de redirecionamento você já tem.
Bjitos!

Anônimo disse...

muito difícil alguém viver no agora.
A gente sempre pensa no que fez e deveria ter feito ou no que vai fazer.
Mas eu gostei muito, você escreve muito bem.
é bom se resolver através dos textos..você vai escrevendo e conversando com você mesma...
o tempo molda as lembranças...elas vão ficando menos como as coisas aconteceram e mais como gostaríamos que tivessem acontecido...então as vezes, ele nos ajuda com isso.
enfim, to falando demais aqui XD
te conheço há 5 minutos =P
beijo moça =***

Anônimo disse...

Lindo.
Adorei ^^